Você Trabalha Numa Organização Que Aprende?

ID-10063441_basketman_625A globalização aumenta a preocupação em criar vantagem competitiva. Entenda como a prática da Gestão do Conhecimento pode transformar sua empresa.46

O crescimento da economia mundial trouxe ao mercado novos competidores em diversos segmentos aumentando a preocupação de líderes empresariais em criar vantagem competitiva para manter seus negócios em posições privilegiadas no mercado. Nesse novo cenário, pautado na agilidade, inovação e escassez de profissionais em determinados segmentos, o conhecimento se torna o ingrediente fundamental para uma empresa competir e a aprendizagem organizacional configura-se como a disciplina chave para transformar esse conhecimento em diferencial tangível frente ao mercado.

Aprendizagem organizacional nos dias atuais

A aprendizagem organizacional ganhou força com os estudos de Peter Senge, no livro A Quinta Disciplina (ed. Best Seller), onde afirma que o primeiro passo para tornar-se uma organização que aprende é obter o “engajamento de todos os membros da empresa ”. Com base nessa recomendação, é interessante observar o esforço que as empresas fazem nesse sentido . Organizações globais, como a IBM, utilizam poderosas ferramentas para gerenciar o conhecimento, como um portal ao estilo rede social e uma ferramenta específica para seus colaboradores do mundo inteiro compartilharem experiências, estudos e arquivos que sejam úteis a qualquer país ou departamento. Contudo, até onde os funcionários das empresas estão realmente engajados em compartilhar seus conhecimentos? Será que o ambiente das organizações é propício e estimulante para o aprendizado? Segundo Senge, em entrevista ao HSM Management, “o aprendizado sempre acontece quando as pessoas se vêem diante de desafios ” e, para isso, não apenas líderes no topo da hierarquia, mas, principalmente os líderes no nível intermediário da organização devem assumir a responsabilidade por fazer do trabalho diário um constante aprendizado.

Gestão estratégica do conhecimento

Para apoiar a tarefa de captar dados, disseminar informação e transformá-la em conhecimento para os indivíduos, a gestão estratégica do conhecimento, como filosofia gerencial, serve de referência para as empresas que trilham esse caminho. Cientes da importância de compartilhar experiências, modelos e resultados alcançados entre seus colaboradores, muitas empresas têm se esforçado para captar e compartilhar, por exemplo, lições aprendidas em seus projetos, garantindo que projetos semelhantes no futuro possam utilizar aquela experiência prévia como vantagem competitiva. Sai na frente a empresa que, além de estabelecer o melhor ambiente e processo para que isso aconteça, dispõe de uma estrutura hierárquica flexível, permitindo que a troca de informação e aprendizado ocorra não somente na vertical, mas também horizontalmente na hierarquia.

Características essenciais de uma organização que aprende

Para reconhecermos uma organização que aprende podemos olhar para as seguintes características, mas não se limitado a essas: se os colaboradores sentem que podem explorar sua criatividade e fornecer idéias sem medo; se o ambiente oferece fácil acesso a informações pertinentes ao seu mercado; se os colaboradores têm estímulo e ferramentas para compartilhar suas experiências; se os processos da organização estão documentados; e se a empresa questiona seus comportamentos para caminhar junto ao mercado. Para orientar a incorporação dessas características, Senge definiu cinco princípios que norteiam as organizações que aprendem: domínio pessoal, para expandir a capacidade pessoal para obter resultados para si e para sua organização; modelos mentais, proporcionando, por exemplo, o aprendizado através do erro e acerto; visão compartilhada, para alinhar a busca por conhecimento de acordo com a visão da organização; aprendizado em equipe, objetivando que a soma do conhecimento da equipe seja maior que o talento individual; e a quinta disciplina, o pensamento sistêmico, que analisa o impacto da gestão do conhecimento em toda a organização e sociedade.

Benefícios da aprendizagem organizacional nos níveis individual e organizacional

O aprendizado organizacional se dá em dois níveis, o individual e o organizacional. No nível individual, ele ocorre através de um processo mental e emocional e depende das experiências e tentativas de cada indivíduo. No nível organizacional, o aprendizado ocorre quando a empresa se dispõe a questionar seus valores e comportamentos, reduz barreiras na hierarquia, estabelece visões compartilhadas e estimula o pensamento sistêmico. Uma vez ocorrendo nos dois níveis, cria-se uma cultura de aprendizagem na organização, facilitando o acesso à informação e ao conhecimento da organização .

Modos de conversão do conhecimento tácito para o conhecimento explícito

No contexto da gestão estratégica do conhecimento, um dos desafios das organizações é converter o conhecimento tácito dos seus colaboradores, isto é, o conhecimento que reside em suas mentes, para o conhecimento explícito, aquele que pode ser acessado em documentos. Segundo Nonaka e Takeuchi , há quatro formas para converter o conhecimento: a socialização, conversão do conhecimento tácito em tácito através da troca de experiências; a externalização, articulando conhecimento tácito para criar novos conhecimentos explícitos; a combinação, troca de conhecimentos explícitos através da tecnologia da informação; e a internalização, que incorpora o conhecimento explícito no tácito. De acordo com Leadbeater (2000: 70), citado no artigo The learning organization, “as companhias precisam investir não apenas em ferramentas para melhorar a eficiência da produção, mas no fluxo de conhecimento que irá sustentar seus negócios” (SMITH, 2001, tradução nossa ). Esse fluxo é importante para perpetuar qualquer iniciativa de gestão do conhecimento numa organização.

Conclusão

Como vimos, o conceito de aprendizagem organizacional fornece uma visão para líderes e gestores criarem um ambiente propício para a troca de conhecimento, estimulando iniciativas de aprendizado e preparando suas organizações para lidar com problemas atuais como a rotatividade de colaboradores e necessidade de agilidade no desenvolvimento de produtos e serviços para competir no novo mundo. Uma organização que aprende sabe a importância de derrubar barreiras na hierarquia e proporcionar um espaço livre para a discussão de idéias, valores e troca de experiências em todos os níveis da empresa, e encontra no próprio ambiente a melhor forma de transformar dados e informação em conhecimento de forma sistemática, sustentando a iniciativa ao longo da vida corporativa.

Referências Bibliográficas

REINCKE, Mercedes. As cinco disciplinas. HSM Management. São Paulo, v., n., jul-ago. 1998.
SMITH, M. K. The learning organization, the encyclopedia of informal education. 2001. Disponível em: <http://www.infed.org/biblio/learning-organization.htm>. Acesso em: 27 mar. 2011.

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Rodrigo Jordão

Rodrigo Jordão é consultor e palestrante na área de Liderança de Projetos e Equipes, especialmente no mercado digital. Em 15 anos, liderou projetos locais e globais em grandes empresas e startups. Administrador, tem especializações em Gestão do Conhecimento e Gestão de Projetos, certificados PMP e Scrum Master.